Projeto inicia monitoramento de ciclo completo do café em Caconde (SP)
Iniciativa tem como objetivo oferecer aos agricultores ferramentas para recomendações de manejo baseadas em dados concretos
O relevo montanhoso da região de Caconde (SP) e os cuidados no cultivo, colheita e processamento do café agregam valor e reconhecimento aos produtos locais. O município é, também, um dos Distritos Agrotecnológicos do projeto Semear Digital, com foco nas cadeias produtivas do café e da piscicultura. Em parceria com com um projeto financiado pelo Consórcio Embrapa Café e com o sindicato rural local, os pesquisadores começam, agora, um monitoramento do ciclo completo da lavoura, com o objetivo de fornecer aos pequenos agricultores ferramentas de monitoramento digital e recomendações de manejo baseadas em dados concretos.
“É um projeto que visa o monitoramento e a identificação de variações de solo e e das plantas de café nas áreas de cultivo”, explica Célia Grego, pesquisadora da Embrapa Agricultura Digital, “monitorar o solo é de extrema importância porque as plantas respondem à condição do solo, se temos solo muito compactado ou com deficiência de nutrientes, a planta não conseguirá se desenvolver tão bem”.
O trabalho concentra-se em duas propriedades escolhidas para a implementação do Semear Digital, a Fazenda Santa Rosa e o Sítio Progresso, e iniciou com um mapeamento dos cafezais para identificar falhas, declividade e planejar os pontos de amostragem. A primeira ação prática de campo envolveu a coleta de amostras de solo para análise química, física e granulometria, visando entender a fertilidade, a textura e a porosidade, fatores críticos para a retenção de água e desenvolvimento radicular. Em paralelo, foram coletadas folhas para análise nutricional.

“Nós vamos acompanhar o ciclo do café em três fases principais”, detalha Célia Grego, “a primeira foi esta, no início do desenvolvimento dos grãos. A segunda está prevista para fevereiro, quando o grão estará no máximo desenvolvimento, e a terceira no final do ciclo, por volta de junho do próximo ano, quando será avaliada a produção final em diferentes talhões”. Os talhões foram escolhidos de acordo com a declividade dos mesmos, sendo uma área mais declivosa, uma mais plana e uma área intermediária. Essas coletas serão realizadas ao longo de três ciclos produtivos completos, com a última etapa prevista para meados de 2028. O objetivo final é gerar é gerar dados e interpretações que permitam indicações de manejo personalizadas para cada área.
Os resultados preliminares já revelam realidades distintas nas duas propriedades, demonstrando a importância desse monitoramento. Segundo a pesquisadora, na Fazenda Santa Rosa o cafezal é mais velho, estava bastante debilitado após a última produção. Diante dessa avaliação, foi recomendada uma poda drástica, chamada de esqueletamento, para revitalizar as plantas. Já no Sítio Progresso, os cafeeiros foram plantados a partir de 2023 e apresentaram um florescimento e uma carga de frutos dentro do esperado para a produção do ciclo. Com isso, a amostragem foi intensificada nesta propriedade.
Além das coletas de solo e das imagens da lavoura, foi instalada uma estação meteorológica no município. “A estação meteorológica foi instalada na sede da cooperativa local, que dá todo o apoio para o desenvolvimento do projeto”, conta a pesquisadora. Esses dados climáticos locais são essenciais para correlacionar o desenvolvimento da planta com as condições do tempo.
“No final, pretendemos fazer eventos para mostrar como foi realizado o trabalho, levar os equipamentos que utilizamos para apresentar para os agricultores e os resultados também”, planeja Célio Grego.
Érica Speglich
Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Agricultura Digital
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