O objetivo do projeto é superar as desigualdades no campo a partir de pesquisa, desenvolvimento, inovação (PD&I) em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) visando ampliar a produção e produtividade dos pequenos e médios produtores.

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15 de julho de 2025

Diversidade de trabalhos é destaque no Workshop do projeto Semear Digital

O II Workshop Científico do Semear Digital (2025) contou com a presença de mais de 130 participantes das sete instituições associadas, representantes das comunidades atendidas e parceiros para apresentação de trabalhos e das ações em andamento nos dez municípios alcançados pela iniciativa. Sessenta e três trabalhos foram apresentados nas sessões orais e de pôster. Os estudos abrangeram uma ampla gama de temáticas vinculadas ao Centro, incluindo o desenvolvimento e uso de tecnologias digitais e inovação na agricultura 4.0, o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura com base em sensoriamento remoto, modelagem ambiental e sistemas de monitoramento, e estudos sobre desenvolvimento territorial, sustentabilidade e adoção de tecnologias por pequenos e médios produtores rurais.

Ao fazer um balanço dos dois primeiros anos do Centro, Luciana Alvim Romani, coordenadora de parcerias do Semear Digital, destacou o aumento das equipes de 40 membros em 2023 para 130 neste ano e o envolvimento direto de 13 outras Unidades da Embrapa, além de 24 parcerias formalizadas, com empresas, órgãos governamentais e associações, entre outras entidades que fortalecem o projeto.

Além disso, a pesquisadora ressaltou os avanços alcançados em PD&I, como a organização de bases de dados para avaliação de impacto, as parcerias para soluções de conectividade nos DATs, os estudos para aplicação de algoritmos de inteligência artificial e o uso de veículos equipados com sensores em campo, além do desenvolvimento de metodologias para mapeamento e monitoramento e de soluções de rastreabilidade e certificação. “Todas essas iniciativas são focadas no contexto de pequenas e médias propriedades rurais, nas diferentes regiões e cadeias produtivas abrangidas pelo Semear Digital no País”, completou Romani.

Inovação e desafios na adoção de tecnologias

O trabalho apresentado por Carolina Mendonça, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), investigou os elementos essenciais para a consolidação dos Distritos Agrotecnológicos (DATs) destacando que a adoção de tecnologias digitais não apenas transforma a base produtiva, mas também redefine as relações de mercado e oferece subsídios para políticas públicas e iniciativas privadas voltadas à criação de DATs, especialmente em regiões com vocação para inovação agrícola.

Mas o que motiva a adoção de novas tecnologias? Essa foi uma das questões da pesquisa de Franco da Silveira, bolsista da Embrapa Agricultura Digital, que apresentou uma revisão sistemática sobre os fatores que impulsionam ou limitam a adoção da Agricultura 4.0 no agronegócio. O estudo classificou os fatores impulsionadores em diferentes categorias: tecnológicos (como avanços na internet das coisas), econômicos (redução de custos), sociais (retenção de jovens no campo) e ambientais (pressão por sustentabilidade). A pesquisa alertou que a adoção de novas tecnologias é menor em regiões distantes de centros urbanos e destacou a necessidade de políticas adaptadas às diferenças regionais.

A adoção de tecnologias e a sustentabilidade em cadeias produtivas marginalizadas foi a temática apresentada por Francine Procópio, da Esalq/USP, que abordou os desafios e potenciais da extração sustentável do licuri, palmeira nativa da Caatinga. O estudo mostrou como essa cadeia, vital para metas ambientais e socioeconômicas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), enfrenta dificuldades como subnotificação, desmatamento e falta de políticas públicas. A produção, majoritariamente extrativista e liderada por mulheres, caiu de 1,6 toneladas em 1986 para 0,2 toneladas em 2025. A pesquisa identificou oportunidades de melhoria, como a integração com a apicultura e a produção de cosméticos. No entanto, a pesquisadora ressalta que a viabilidade econômica dessa cadeia para o Distrito Agrotecnológico (DAT) de Boa Vista do Tupim (BA) exigirá avanços em manejo, assistência técnica e certificações sanitárias, além de parcerias entre setores público e privado.

Soluções digitais para a agricultura

Na sessão dedicada a tecnologias digitais, destacaram-se o desenvolvimento de soluções práticas e de baixo custo para problemas cotidianos da agricultura. Um exemplo é a armadilha eletrônica para moscas-das-frutas em maçãs, em fase de desenvolvimento pela equipe da Embrapa Uva e Vinho, que busca automatizar a identificação da presença das moscas nas plantações. A armadilha também tem potencial de aplicação para outras culturas, como carambola e lichia.

Sessão de apresentação de trabalhos do II Workshop Científico do Semear Digital. Foto: Lilian Alves.

Tamires Lima,bolsista da Embrapa Agricultura Digital, demonstrou os benefícios do uso de drones na pulverização de cafés no DAT de Caconde (SP), uma região marcada pelo relevo montanhoso. O estudo mostrou redução de 21,8% nos custos, 96% no consumo de água e 75% no tempo de aplicação, reforçando a viabilidade econômica para pequenas propriedades.

O desafio da conectividade rural foi avaliado pela equipe do Instituto de Economia Agrícola (IEA/SP), que busca mapear a qualidade da internet móvel no campo usando dados de localização das antenas e dados das propriedades rurais, a partir do Cadastro Ambiental Rural (CAR). O objetivo é identificar regiões com deficiência de conexão para orientar políticas públicas e reduzir a desigualdade no acesso à internet rural.

Ainda dentro dessa temática, a equipe do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) vem trabalhando no desenvolvimento de uma antena simples, de baixo custo, que cobre frequências do 5G e de satélites e distribui sinal para todas as direções – uma solução prática e barata para conexões robustas em áreas rurais.

Já a equipe do CPQD estuda uma alternativa para estender a cobertura de redes 5G em áreas rurais, onde a infraestrutura de fibra óptica é limitada. Usando softwares livres, a equipe criou uma  solução que conecta unidades remotas à central por meio de sinal de rádio e tem se mostrado viável para a conexão com drones, tratores autônomos e sensores, mesmo em áreas rurais com pouca infraestrutura.

 

Valéria Cristina Costa (MTb. 15533/SP)

Graziella Galinari (MTb 3863/PR)

Érica Speglich

Contato: agricultura-digital.imprensa@embrapa.br

 

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