O objetivo do projeto é superar as desigualdades no campo a partir de pesquisa, desenvolvimento, inovação (PD&I) em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) visando ampliar a produção e produtividade dos pequenos e médios produtores.

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4 de agosto de 2025

Agricultura de precisão e automação no Semear Digital desenvolvem solução para as pequenas e médias propriedades rurais

Em pequenas propriedades, onde cada metro quadrado importa, usar os recursos de forma inteligente é o caminho para uma produção mais eficiente e sustentável. Foi pensando nisso que a frente de pesquisa em automação e agricultura de precisão do projeto Semear Digital foi estruturada. O foco é democratizar tecnologias avançadas, adaptando-as à realidade dos pequenos e médios produtores rurais e promovendo um manejo mais inteligente, personalizado e ambientalmente responsável.

“A agricultura de precisão sempre foi associada a grandes propriedades, mas ela também faz muito sentido para os pequenos”, afirma Thiago Santos, da Embrapa Agricultura Digital, coordenador da área de pesquisa em automação e agricultura de precisão do projeto Semear Digital.

A agricultura de precisão abarca um conjunto de técnicas que reconhece que cada área da lavoura requer cuidados personalizados. Mesmo dentro de uma pequena propriedade, há variações no solo, na topografia, na umidade, na incidência de pragas  e essas diferenças afetam diretamente a produtividade.

Ao mapear essas variações e utilizá-las para planejar e executar intervenções localizadas, como aplicação de insumos, irrigação ou correção do solo, o agricultor pode otimizar o uso dos recursos, reduzir perdas e aumentar a eficiência da produção. “A ideia é simples: aplicar mais onde é necessário e menos onde não é. Mas, para isso, é preciso conhecer bem o solo e a lavoura. E é aí que entra a tecnologia”, explica Santos.

Já a automação é a responsável por operacionalizar as decisões baseadas em dados. Trata-se de tecnologias e decisões baseadas em um grande volume de dados, informações precisas, atualizadas e localizadas. Com o apoio de ferramentas como GPS, sensores de solo, drones, imagens georreferenciadas e softwares de controle, é possível, por exemplo, aplicar fertilizantes em taxas variáveis, adaptar a irrigação de acordo com a umidade do solo ou identificar áreas mais suscetíveis a doenças.

Soluções técnica e financeiramente viáveis 

“Automação não significa, necessariamente, equipamentos caríssimos. Muitas vezes, pequenas mudanças, como o uso de sensores portáteis ou a adoção de aplicativos simples, já representam um salto enorme”, explica Thiago.

Um exemplo de uma tecnologia que está sendo desenvolvida no Semear Digital é o protótipo do robô de imageamento georreferenciado, batizado de SEEmear (pronuncia-se “simear”), que está sendo testado em pomares de maçã da Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado da Embrapa Uva e Vinho. Por meio de um sistema de navegação acoplado a um conjunto de câmeras, o protótipo percorre o pomar fazendo, por exemplo, a contagem automatizada de frutos. De acordo com o pesquisador, o sistema foi construído pensando em sua adaptação para pequenos veículos e implementos, que podem percorrer os pomares linha a linha, coletando informações da produção em campo.

“Atualmente estamos investindo no aprimoramento do percurso do robô no talhão para saber o número de plantas, como está a saúde da planta ou sua florada. A próxima etapa é fazer com que o robô também faça o manejo da plantação, ou seja, a colheita, a poda, por exemplo”, explica Santos.

Semeando um ciclo virtuoso

Um dos maiores ganhos trazidos pela agricultura de precisão é a capacidade de tomar decisões baseadas em dados reais do campo. Ao invés de seguir recomendações genéricas, o produtor passa a conhecer melhor sua propriedade e isso vale tanto para culturas permanentes quanto anuais, tanto para quem já usa máquinas quanto para quem ainda está no início da mecanização.

“O agricultor que pratica agricultura de precisão mantém registros das suas áreas há bastante tempo. Os registros vão sendo construídos e os mapas do talhão vão sendo atualizados e isso se retroalimenta, porque essas máquinas que fazem as aplicações em taxa variada, elas próprias são geradoras de dados. Cria-se um ciclo virtuoso ali. A própria máquina gera mais dados. Ao longo do tempo, cria-se uma série histórica que vai sendo refinada”, comenta Santos.

Entretanto, esta cultura de coletar dados digitais no campo é muito rara. Então, os pesquisadores tiveram que encontrar soluções para driblar este desafio. “Demos dois passos para trás e estamos investindo em pesquisas sobre como obter bons dados em pequenas e médias propriedades de uma maneira que seja automática, digital, que não seja custosa, para avançar com a leitura de precisão nessas áreas”, explica Thiago.

Desta forma, os pesquisadores estão usando sensores, câmeras, drones e desenvolvendo técnicas de amostragem para tentar encontrar maneiras de começar a fazer essa produção de dados.

Até o momento, o eixo de agricultura de precisão e automação já fez testes do robô SEEmear em Vacaria e deve voltar ainda este ano para acompanhar a floração da maçã. Outro DAT que deve receber o robô SEEmear é o de São Miguel Arcanjo, onde o robô testará a sua navegação autônoma na cultura de uva. Nos DATs de Lagoinha e Caconde já se iniciaram atividades de imageamento.

A equipe de pesquisa de agricultura de precisão no Semear Digital reúne 11 pesquisadores incluindo a participação da Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Instrumentação, Embrapa Amazônia Oriental e ESALQ.

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