Um novo curso de informática voltado para o letramento digital dos produtores rurais do assentamento Rio Feio, no Distrito Agrotecnológico (DAT) de Guia Lopes da Laguna (MS), deve iniciar em agosto, com o objetivo de promover a inclusão digital e aumentar a autonomia desses trabalhadores no dia a dia da produção agrícola. A demanda pela capacitação em letramento digital na região foi identificada na etapa de diagnóstico dos DATs que integram o projeto Semear Digital.

“Muitos dos produtores da região nunca tiveram contato com um computador, alguns sequer tiveram a oportunidade de ligá-lo pela primeira vez”, comenta Orides Soares, extensionista da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul) e ponto focal do Projeto no DAT de Guia Lopes da Laguna. Para superar essa barreira, o curso foi desenvolvido pensando nas necessidades reais da comunidade, ensinando desde o básico, como ligar um computador, até habilidades essenciais para o campo, como emitir nota fiscal, consultar o site do IAGRO (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), contatar fiscais, preencher formulários do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), além de utilizar a Guia de Trânsito Animal (GTA) online.

“Esses serviços, fundamentais para o dia a dia da produção rural, muitas vezes exigem deslocamentos até a cidade, o que gera gastos com combustível e até mesmo com contratação de contadores. Com esse curso, buscamos otimizar esses processos, reduzir custos e promover a autonomia dos assentados”, explica Caren Samaniego, extensionista da Agraer.

Atualmente, o assentamento já conta com uma estrutura de internet, fruto do projeto MES Conecta (Movimento de Educação e Sustentabilidade Conecta). O curso tem também a parceria da Embrapa, responsável principal pelo Semear Digital, a Agraer, o Instituto Federal e a Prefeitura local.

O treinamento será ministrado pelo Instituto Federal em quatro encontros, utilizando uma estrutura que conta com ao menos 15 computadores, com internet via satélite, disponibilizados pela escola local, Prefeitura e Instituto Federal. “A turma inicial conta com 15 famílias, entre jovens e idosos, mulheres e homens, todos motivados a aprender”, comenta Soares. A metodologia contempla o ritmo individual de cada participante, começando do zero para garantir que todos se sintam à vontade com a tecnologia.

Além de instruir sobre o uso de ferramentas digitais básicas, o curso também abordará a navegação em portais governamentais, o uso da assinatura digital e a importância da segurança das credenciais eletrônicas. Um dos objetivos é, no futuro, oferecer níveis mais avançados, conforme a demanda identificada, incluindo ensino sobre planilhas e tabelas.

A Agraer atua na mobilização e assistência direta aos produtores, enquanto a Prefeitura contribui com o espaço físico, lanches durante as aulas e equipamentos. O Instituto Federal é responsável pela metodologia, conteúdo e produção de materiais didáticos, incluindo vídeos tutoriais e guias passo a passo.

Para Samaniego um dos principais objetivos do projeto é “reduzir o abismo entre a tecnologia gerada pelas pesquisas e o produtor rural, que, muitas vezes, tem em mãos um celular, mas não consegue acessar todo o potencial disponível devido à falta de instrução adequada. Queremos mostrar a esses produtores que eles são capazes, que podem se aperfeiçoar e trazer a tecnologia para dentro do campo, adquirindo mais conhecimento técnico. Isso pode contribuir para evitar o abandono da vida rural em busca de alternativas nas áreas urbanas”.

Ao final da primeira etapa, está prevista a abertura de novas turmas para atender a uma demanda crescente, com o intuito de ampliar o alcance e transformar o assentamento Rio Feio em um modelo para outras comunidades rurais.

Graziella Galinari (MTb 3863/PR)

Paula Drummond

Com informações da Assessoria de Comunicação da Agraer

Contato: agricultura-digital.imprensa@embrapa.br