Pesquisas buscam vencer o desafio da conectividade no campo
A baixa disponibilidade e qualidade dos serviços de conectividade nas áreas rurais é um dos desafios para o fortalecimento da agricultura digital no Brasil. Um desafio que diz respeito não somente à conectividade na sede das propriedades rurais mas, especialmente, possibilitando a interligação da sede com os locais onde a produção de fato acontece. O Semear Digital conta com um eixo de pesquisas que busca soluções inovadoras para, não apenas disponibilizar a conectividade de qualidade no campo, mas viabilizar economicamente soluções de conectividade.
Este eixo está dividido em duas linhas de pesquisa, sendo uma delas liderada pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), que desenvolve protótipos e propostas de sistemas que possam responder às demandas encontradas nos Distritos Agrotecnológicos estudados no projeto. “Dentro do nosso eixo nós procuramos entender as diferentes demandas do campo, e temos desde as pessoas que querem facilitar a emissão de nota fiscal e ter acesso ao WhatsApp de qualquer local da sua propriedade até quem quer trabalhar com robôs e dispositivos conectados nas áreas de plantio”, explica Arismar Cerqueira, pesquisador do Inatel,“neste momento do Semear Digital nós já entendemos melhor essas demandas e estamos buscando quais as tecnologias que podem respondê-las, sempre equilibrando aquilo que é tecnicamente viável com o custo da solução, de forma a ser acessível aos pequenos e médios produtores rurais”.
Entre as iniciativas está o desenvolvimento de uma antena de baixo custo e simples construção voltada para ampliar a conectividade em áreas rurais. O projeto visa criar uma solução prática e acessível que opere tanto em frequências do 5G quanto de satélites, com a capacidade de distribuir o sinal para todas as direções. A antena tem como principal característica a manipulação de suas propriedades para cobrir uma área maior, sendo que um dos aspectos reconfiguráveis do dispositivo é a possibilidade de mudar a orientação de seu eixo para melhorar a qualidade do sinal recebido. A antena é baseada em um tipo de fibra de vidro amplamente disponível e de baixo custo e, além disso, se destaca por ser leve, uma característica importante para aplicações no campo.
A proposta de aplicação é que, a partir de um sinal de internet disponível na sede de uma fazenda, a tecnologia possa disseminar a conexão por alguns quilômetros, dependendo do relevo e de outros aspectos de cada local. Outras possibilidades de aplicação incluem a formação de conjuntos de antenas para ampliar o alcance e a utilização em drones. Até o momento, os pesquisadores criaram um protótipo inicial e a próxima etapa prevê a fabricação de outro protótipo, já consolidado para o desenvolvimento de testes práticos.
Para Arismar Cerqueira, “é importante dizer que não existe uma tecnologia única que atenda a todos os casos, por isso exploramos diferentes frentes como o uso de um transmissor e receptor já desenvolvido por nossa equipe e que estamos testando em campo e o estudo de opções de tecnologias baseadas em fibra e outras por satélite”. Já para os locais em que a passagem de fibras ópticas é inviável, os pesquisadores estudam um sistema de comunicação óptica sem fio. “Nós podemos traduzir essa tecnologia como Links de Luz no Ar e ela funciona como uma rede de transporte, podendo conectar a sede de uma fazenda a outra área distante de dois a três quilômetros, por exemplo”, explica o pesquisador.
Outra tecnologia já testada no DAT Jacupiranga baseia-se na utilização de canais de TV ociosos para transmissão de dados (conhecida como TV White Spaces – TVWS). Por operar em faixas de frequência de maior alcance e penetração, essa tecnologia se apresenta como uma alternativa viável para regiões de difícil acesso, sem exigir grandes investimentos em infraestrutura. A demonstração despertou o interesse dos proprietários rurais locais devido ao seu potencial para aplicações em automação, sensoriamento e gestão de dados no ambiente agrícola.
Érica Speglich
Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Agricultura Digital
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