IAC gera informações para promover a inclusão digital de pequenos agricultores
O Instituto Agronômico (IAC-Apta), instituição parceira do Semear Digital, criou uma base de dados utilizando sensoriamento remoto orbital que quantifica e qualifica os diferentes usos agrícolas da terra em dez municípios brasileiros. As pesquisas focadas em sensoriamento remoto e inteligência artificial desenvolvidas pelo Instituto no Semear Digital incluem também estudos em modelagem hidrológica para avaliação da disponibilidade de água e irrigação inteligente com uso de sensores de planta, solo e clima.
As tecnologias desenvolvidas pelo IAC permitem monitorar e analisar dados agrícolas com maior precisão, oferecendo suporte técnico para decisões mais eficientes para pequenas e médias propriedades rurais.
O objetivo é gerar soluções práticas que corrijam distorções de mercado e diminuam desigualdades no acesso às tecnologias digitais no setor agrícola.
O sistema de sensoriamento remoto orbital permite obter informações da superfície terrestre por meio de satélite de observação, segundo o pesquisador do IAC, Glauber José de Castro Gava.
A análise contempla áreas com culturas anuais e perenes, pastagens, silvicultura e vegetação nativa, além de avaliar o potencial de uso de tecnologias de irrigação em cada um dos dez municípios selecionados para o estudo. Esses municípios, denominados Distritos Agro Tecnológicos (DATs), foram escolhidos com base na diversidade produtiva, nos recursos naturais disponíveis e no número de produtores rurais que podem ser beneficiados.

O IAC atua diretamente em cinco DATs paulistas que integram o projeto, definidos por uma metodologia coordenada pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta): Alto Alegre, Caconde, Jacupiranga, Lagoinha e São Miguel do Arcanjo. Além desses, o projeto também contempla outras localidades brasileiras com alta demanda por informações sobre irrigação.
Os municípios de Ingaí, em Minas Gerais, Boa Vista do Tupim, na Bahia, Guia Lopes de Laguna, no Mato Grosso do Sul, Breves, no Pará, e Vacari, no Rio Grande do Sul, também foram selecionados como DATs. Nessas regiões o trabalho é conduzido por outras instituições parceiras.
Funcionando como um piloto de fazenda inteligente, esses municípios também permitirão investigar e validar tecnologias habilitadoras para o desenvolvimento de soluções digitais priorizadas para cada realidade.
“Nessas localidades, a partir dos indicadores socioeconômicos, foram identificados os gargalos de conectividade e mapeadas as soluções digitais demandadas pelos produtores rurais, bem como as instituições públicas ou privadas, empresas e startups capazes de suprir as necessidades naquele arranjo produtivo local”, explica Gava.
Participam também do projeto os cientistas do IAC: Isabella Clerici De Maria, Jane Maria de Carvalho Silveira, Jener Fernando Leite de Moraes e Regina Célia de Matos Pires. Associados aos projetos, há três bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e um bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

IAC no Semear Digital
Na atuação do Instituto Agronômico (IAC), destacam-se as pesquisas em modelagem hidrológica, voltadas à avaliação da disponibilidade de água e do fluxo de sedimentos em bacias hidrográficas. O objetivo é fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas e estratégias que promovam o uso eficiente dos recursos hídricos e enfrentem os desafios da escassez hídrica.
O IAC também desenvolve estudos sobre irrigação inteligente com uso de sensores de planta, solo e clima para monitorar e otimizar o uso da água na agricultura. A pesquisa incorpora imagens geradas por sensores, permitindo maior precisão na tomada de decisão em cultivos irrigados e contribuindo para a segurança alimentar por meio de práticas mais sustentáveis e eficientes. O objetivo é apoiar estratégias de gestão, prevenção de riscos e modelagem de processos nas áreas agronômica e ambiental.
“Ainda no desenvolvimento de tecnologias de imagens, estamos realizando pesquisas com tecnologias de imageamento, que visam elevar a qualidade do mapeamento e do monitoramento das culturas agrícolas e da cobertura do solo rural e urbano”, afirma a pesquisadora do IAC, Isabella Clerici De Maria.
Essas linhas de pesquisa compartilham um objetivo central: tornar acessíveis aos produtores rurais ferramentas digitais já disponíveis ou em fase de aprimoramento, permitindo seu uso de forma prática e imediata no dia a dia do campo. “Nosso trabalho está focado em organizar e ampliar o acesso às informações essenciais para uma gestão eficiente da atividade agrícola, facilitando a tomada de decisões e promovendo ganhos sustentáveis de produtividade”, destaca Isabella.
Foto em destaque: Acervo IAC.
Por Carla Gomes (MTb 28156) – Jornalista científica e assessora de comunicação IAC


